Alimente os Peixes!!!!

28 outubro 2009

O Senador e a Loira




O Senador era um homem sério e discreto, apesar de ter cara de menino. E era fera em tecnologia, sabia tudo de redes, integração de sistemas, help-desk, um homem viajado, formado pela Royal Academy Foderosíssima BlaBlaBla Peixoto de Oliveira, se nãô me falha a memória. Um homem nada mais ou menos.


A loira era dispersiva e faladeira por natureza. Já tinha começado um não sei quantos cursos, terminado poucos, estava tentando graduar-se pela terceira vez. Como manter o foco em uma única coisa com tantas coisas acontecendo ao mesmo tempo?


O Senador tinha amigos de infância, viam-se sempre em rituais informais de happy-hour, às sextas-feiras, a rotina de sair da rotina. Amigos não fazem reuniões.


A loira estava numa fase caseira. estava na confortável rotina de casa-faculdade-trabalho-casa.


A loira era viciada em informática e achava que a internet era tão boa invenção como a roda. E, às vezes, até melhor. A loira era viciada no cybermundo desde que tinha tomado contato com ele pela primeira vez. A loira tinha uma porção de amigos reais e uma porção de amigos virtuais.


O Senador tinha um relacionamento estável. A loira era recém-separada.


O Senador morava na praia. A loira, na cidade.


O Senador não gostava da cidade onde morava a loira. O sotaque da gente de lá era risível. A loira tinha nascido na praia. E o mar era o habitat natural dela, mesmo que a loira voltasse à praia em intervalos cada vez mais longos.


O provável era que o Senador e a loira nunca soubessem da existência um do outro.


Ocorre que a loira amava rock. Até aí, sem novidades. Espantoso era que o Senador amava rock. Amava rock e sabia muito sobre o assunto. Conhecia bandas e músicas e fichas técnicas e história. Um estudioso nato.


A loira nunca havia se preocupado com os detalhes todos da música. Rock ela ouvia no ventre e a partir dos quadris. Ela conhecia os clássicos. Ainda faltavam tantos!


Um dia, o Senador estava buscando um cd específico de uma banda especial num conhecido site de busca e encontrou um local cujo nome chamou-lhe a atenção pelo bonito.


Um dia, a loira foi convidada pra contribuir num blog coletivo e lá, fuçando nos arquivos, um nome chamou-lhe a atenção pelo conteúdo musical e poético.


Eles iam sempre nesse site e, um dia, eles se encontraram no chat. Ela loira, ele predador.


Eles conversaram muito e se divertiram juntos. Ela aprendeu muito sobre rock, graças a ele. Ele aprendeu cultura de almanaque com ela.


Gostaram um do papo do outro. Trocaram fotos. E-mails.


Trocaram telefones e se falaram.


Depois se encontraram e se beijaram muito. O mundo ficou um lugar eletrificado depois que eles se viram.


Mas a loira mora na cidade. O Senador, na praia.


Não fosse a distância quem sabe o rumo que teria isso?





Um comentário:

Salve Jorge disse...

Caro Senador
Se nadou
Não morra na praia...