Vivemos numa sociedade hipócrita que condena milhares de cidadãos a uma morte lenta e horrível, pela fome, pela ausência de saneamento básico ou violência. Mas não lutamos por sistemas REAIS de contribuição para justiça social. Não garantimos acesso ao direito humano básico à uma alimentação saudável. Não realizamos programas eficazes de planejamento familiar, não garantimos desenvolvimento sustentável de qualidade e em quantidade suficiente.
Abrimos cada vez mais vias para um número cada vez maior número de veículos. E crescemos verticalmente todos os dias, num fenômeno mundial e irreversível de urbanização. Pensamos muito e com afinco em novas tecnologias industriais. Mas nossos habitantes estão cada vez mais espremidos.
A realização de jogos de “azar” é ilegal somente no texto e, por isso, deixamos de arrecadar impostos legítimos para pagar propinas estupendas. O que há errado em Las Vegas???? Ou em Punta Del Este???
O comércio e o consumo de drogas são proibidos, e devem continuar sendo, porque fomentam as guerras e geram mais violência e morte, um círculo vicioso do mau, porém, nem mesmo as potências econômicas mundiais venceram esse câncer. Sem falar nas drogas lícitas, como o cigarro e as bebidas alcoólicas, detentoras de recordes nada confortáveis em mortalidade, seja por doenças consumo-relacionadas ou ainda de forma indireta, o que para mim, particularmente, é ainda mais danoso. Assim mesmo, as agências de propaganda usam seus melhores talentos a fim de promover esses produtos!
E, com relação a esse item, há uma tendência mundial em trabalhar efetivamente a redução de danos, ou seja, controlar MUITO a utilização de drogas, visando, é claro, a abstinência! Não parece óbvio que quanto mais difícil e controlado, menos o consumo é prazeroso?
Sem contar que a redução de danos economiza na saúde de todos os envolvidos direta e indiretamente no uso de drogas. TODAS as drogas. Não são necessárias campanhas publicitárias milionárias durante a novela das oito. Não são necessários anúncios de página inteira nas revistas e jornais de grande circulação. É desejável, mas não necessário. Necessário mesmo é que a conscientização da importância da redução de consumo “chegue” ao usuário. Importante mesmo é que informar os cuidados para uma utilização “segura” evita, ao menos, contaminação de doenças infecto-contagiosas. Porque um usuário de drogas na verdade é um escravo e, certamente, não precisa de outros danos físicos e psicológicos.
Deixando as utopias de lado, vamos deixar de ser hipócritas e “enxergar” o problema do consumo de drogas de maneira real e eficiente. As alternativas de comunicação utilizadas na Parada Orgulho Gay e Baladaboa, para citar exemplos, buscando a redução de danos não faz apologia às drogas. Outros meios bem mais eficientes de incentivo a esse famigerado uso estão sendo usados, linguagens que trazem promessas de poder, sucesso, riqueza. Todos os dias. E em horário nobre.
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