Alimente os Peixes!!!!

22 março 2007

Dia Mundial da Água


O planeta está pedindo socorro, filhos. Depois, não vai dar nem pra chorar.



SEGURANÇA ALIMENTAR E O PROBLEMA DA ÁGUA
Rui Ricard da Luz

No ano em que estaremos realizando a III Conferência Nacional de Segurança Alimentar não podemos deixar de aprofundar as discussões em torno do problema da água, uma questão intrinsecamente ligada a garantia da segurança alimentar.

Os especialistas acham que, em meados deste século, 7 bilhões de pessoas de 60 países sofrerão escassez desse líquido, no pior dos casos. No melhor deles, serão por volta de 2 bilhões de habitantes em 48 países.

Um dos fatores que reduz os recursos de água doce, seguramente, é a degradação ambiental. Dois milhões de toneladas de resíduos são jogados diariamente nas fontes receptoras, incluindo componentes industriais, químicos, dejetos humanos e resíduos agrícolas (fertilizantes e herbicidas).

Calcula-se que a produção global de águas residuais é aproximadamente de 1.500 quilômetros cúbicos. Se um litro desse líquido residual pode poluir 8 litros de água doce, a carga mundial de poluição pode ascender, atualmente, a 12.000 quilômetros cúbicos, ainda que os dados confiáveis relativos à largura e gravidade da poluição sejam incompletos, segundo esclareceram peritos da ONU.

Os mais prejudicados neste ciclo vicioso são as populações mais pobres, Nos países em desenvolvimento, 50% da população está exposta a fontes de água poluídas.

As doenças decorrentes das águas infestas são uma das causas mais comuns de doença e morte, designadamente, nas nações dos países pobres.

As doenças transmitidas pela água, como doenças gastrintestinais se produzem por beber água poluída. Outras afecções ocorrem por agentes transmissores (por exemplo a malária ou a esquistossomose) que podem ser por insetos e vermes que se reproduzem em ecossistemas aquáticos.

Em 2000, por volta de 2,2 milhões de pessoas morreram de diarréias, em conseqüência da falta de sistemas de tratamento ou de higiene. Segundo um estudo (OMS), a malária mata um milhão de pessoas cada ano.

Mais de 2 bilhões de pessoas foram infestadas por esquistossomos e helmintos transmitidos pelo solo, das quais 300 milhões sofreram doença grave, segundo estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS).

O mais trágico é que a maioria das mortes e doentes são crianças menores de cinco anos.

COLAPSO DA ÁGUA DOCE

Estudos das Nações Unidas faz previsão catastrófica. 2025 poderá entrar para a história como o ano do colapso no fornecimento de água doce. Nada menos que dois terços da população mundial estarão correndo o risco de viver em regiões de média ou elevada escassez de água. A Europa e a América do Norte estão mais preparadas para enfrentar o problema, mas ainda assim sentirão o efeito da seca. Atualmente, a secura já aflige o Oriente Médio e o norte da África. No caso dos países africanos, 95% das reservas de água já são aproveitados e a tendência é usa-los até a última gota. Outra região que corre o risco de total esgotamento é a Ásia Central. Em países como Paquistão, Índia e Afeganistão, a exploração atual dos recursos hídricos já beira os 85%. Segundo a previsão da ONU, a África do Sul e países densamente povoados, como Índia e China, podem entrar na lista.

O PROBLEMA NO BRASIL

A garantia de segurança alimentar no Brasil depende necessariamente da utilização correta de nossos recursos hídricos, não é preciso ressaltar que a água é alimento determinante para a garantia da vida.



O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em água doce. Concentra
cerca de 15% das reservas do planeta. No entanto, um em cada sete brasileiros que moram nas cidades não é servido pela rede de abastecimento de água. A agricultura é o setor que utiliza a maior parte da água disponível, cerca de 59%.



O consumo industrial da água é o mais preocupante. A produção de papel e aço, entre outros produtos industrializados, exige quantidades colossais de água. Além disso, a utilização equivocada da água, sobretudo do agronegócio, para o plantio de monocultivos para demandas de mercado estabelece uma relação nefasta com a garantia de nossas reservas hídricas, hoje pratica-se a destruição de nascentes de rios e a derrubada de nossas florestas em nome da necessidade econômica, causando fenômenos como a desertificação.



Desertificação: origina-se pela intensa pressão exercida por atividades humanas sobre ecossistemas frágeis, cuja capacidade de regeneração é baixa.

As causas mais freqüentes da desertificação estão associadas ao uso inadequado do solo e da água no desenvolvimento de atividades agropecuárias, na mineração, na irrigação mal planejada e no desmatamento indiscriminado.

Principais problemas:

· Vulnerabilidade às secas, que impactam diretamente a agricultura
de sequeiro e pecuária;

· Fraca capacidade de reorganizar a estrutura produtiva;

· Desmatamento resultante da pecuária extensiva e do uso de
madeira para fins energéticos;

· Sinalização dos solos decorrente do manejo inadequado na
agricultura e no pastoreio

· Fragilidade institucional;

· Gestão municipal sem planejamento e comprometimento com
objetivos a longo prazo;



Conseqüências da desertificação:

Natureza ambiental e climática

Como perda de biodiversidade (flora e fauna), a perda de solos por erosão, a diminuição da disponibilidade de recursos hídricos, resultado tanto dos fatores climáticos adversos e a perda da capacidade produtiva dos solos em razão da baixa umidade provocada, também, pelo manejo inadequado da cobertura vegetal.


Natureza social

Abandono das terras por partes das populações mais pobres, a diminuição da qualidade de vida e aumento da mortalidade infantil, a diminuição da expectativa de vida da população e a desestruturação das famílias como unidades produtivas. Acrescente-se, também, o crescimento da pobreza urbana devido às migrações, a desorganização das cidades, o aumento da poluição e problemas ambientais urbanos.


Natureza econômica

Destacam-se a queda na produtividade e produção agrícolas, a diminuição da renda do consumo das populações, dificuldade de manter uma oferta de produtos agrícolas de maneira constante, de modo a atender os mercados regional e nacional, sobretudo a agricultura de sequeiro que é mais dependente dos fatores climáticos.


Natureza político institucional

Há uma perda da capacidade produtiva do Estado, sobretudo no meio rural, que repercute diretamente na arrecadação de impostos e na circulação da renda e, por outro lado, criam-se novas demandas sociais que extrapolam a capacidade do Estado de atendê-las.

As áreas desertificadas brasileiras apresentam características geoclimáticas e ecológicas, as quais contribuíram para que o processo fosse acelerado. Diversas regiões brasileiras padecem deste problema, como por exemplo:

Paraná
Apresenta problemas de degradação nas áreas de ocorrência do arenito Caiuá; a agricultura é praticada sem haver uma preocupação com o manejo e a conservação do solo, problema acentuado pela devastação de florestas nativas.

Mato Grosso do Sul

O processo ocorre principalmente na região sudoeste do estado, área de ocorrência do Arenito Caiuá, apresentando aspectos avançados de degradação (50 mil hectares).

São Paulo

Dados da SEMA de 1986 já identificavam que, aproximadamente 70% das áreas agriculturáveis do estado estavam tomadas por intenso processo erosivo.

Rio Grande do Sul

Área do sudoeste do estado como os municípios de Alegrete, São Francisco de Assis, Santana do Livramento, Rosário do Sul, Uruguaiana, Quaraí, Santiago e Cacequí são atingidos pela desertificação. Outras áreas passíveis de degradação estão presentes no sul-rio-grandense, em especial onde predominam os solos originários do Arenito Botucatu; faz-se necessário um estudo de capacidade de uso, conservação e manejo para que tais áreas não iniciem rapidamente o processo de degradador.







Referencias Bibliográfica:

CAVALCANTI, E. Para Compreender a Desertificação: Uma abordagem didática e integrada. Instituto Desert. Julho de 2001.

ONU, O Mundo Pede Água. Estudo Sobre o Problema Da Água No Mundo. 2000. Internet.

Um comentário:

Anônimo disse...

Observando o estados destacados, acrescento o estado da Bahia que está passando por período de seca desastrosa, alem da derrubada da vegetação nativa sem chuva para recobrimento desta vegetação.