Teve um tempo que ele era a sua casa, o sentido de lar era a presença dele.
Vê-lo era como o cheiro de café passado na hora, pãozinho saído do forno.
Saber da existência dele bastava para se sentir à vontade.
Feito descalçar-se ou enrodilhar-se no sofá em frente à TV.
Tê-lo por perto era comum, quando comum era a melhor sensação que existia.
Estar a seu lado era normal, quando normal era o mais íntimo possível.
Depois de um tempo, a sensação foi ficando morna, como sopa esquecida no prato.
Tão deteriorada que ficou irreconhecível.
É claro que ainda havia a familiaridade. Mas era como morar numa pensão, coisa sem intimidade.
Era como assistir à reprise do remake da novela. Uma atualização de cenas usadas, sabe?
Uma vã tentativa de resgatar momentos de sucesso.
A verdade é que a tática funciona, por um tempo. Sempre tem uma nova abordagem, uma releitura, uma perspectiva nunca explorada.
Mas percebe como se trata, inexoravelmente, do velho revisitado?
Então, quando foi que o conforto foi substituído pela preguiça?
Qual o instante que a sua identidade transformou-se em acomodação?
Em qual átimo seu sonho pulverizou-se em tédio?
Teve um tempo, Nádia, que você não imaginaria sua vida sem ele.
Hoje o cenário não verbaliza nenhum futuro e estamos todos esperando os próximos capítulos.
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