Alimente os Peixes!!!!

23 junho 2009

Crônicas de Nádia

Teve um tempo que ele era a sua casa, o sentido de lar era a presença dele.

Vê-lo era como o cheiro de café passado na hora, pãozinho saído do forno.

Saber da existência dele bastava para se sentir à vontade.

Feito descalçar-se ou enrodilhar-se no sofá em frente à TV.

Tê-lo por perto era comum, quando comum era a melhor sensação que existia.

Estar a seu lado era normal, quando normal era o mais íntimo possível.

Depois de um tempo, a sensação foi ficando morna, como sopa esquecida no prato.

Tão deteriorada que ficou irreconhecível.

É claro que ainda havia a familiaridade. Mas era como morar numa pensão, coisa sem intimidade.

Era como assistir à reprise do remake da novela. Uma atualização de cenas usadas, sabe?

Uma vã tentativa de resgatar momentos de sucesso.

A verdade é que a tática funciona, por um tempo. Sempre tem uma nova abordagem, uma releitura, uma perspectiva nunca explorada.

Mas percebe como se trata, inexoravelmente, do velho revisitado?

Então, quando foi que o conforto foi substituído pela preguiça?

Qual o instante que a sua identidade transformou-se em acomodação?

Em qual átimo seu sonho pulverizou-se em tédio?

Teve um tempo, Nádia, que você não imaginaria sua vida sem ele.

Hoje o cenário não verbaliza nenhum futuro e estamos todos esperando os próximos capítulos.

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