Eu tinha lá na minha janela um vaso de cebolinhas.
Todas as manhãs eu colocava um pouco de água no vaso.
E as cebolinhas iam ficam ficando verdinhas e vistosas.
Eu não tinha fomes pelas cebolinhas.
Eu tinha prazer em vê-las de manhã,
todas durinhas e verdinhas.
Certa manhã, achei-as um pouco desanimadas,
meladas, amolecidas.
Pensei: exagerei na água.
Na janela tem muito sol.
Talvez eu devesse ter afofado a terra do vaso.
Quem sabe se eu tivesse colocado vitaminas?
Será que os carinhos que tive
com as tais cebolinhas,
resultaram na sua morte?
Ou foi alguma praga silenciosa,
feito o tédio,
a rotina,
a mesmice de todos os dias?
Nunca soube.
E assim também são as pessoas.
Você rega todos os dias,
mas, mesmo assim,
muitas delas não resistem à nossa vida.
Ciclo besta.
2 comentários:
Minha amiga
Já plantei de tudo, plantei bananeira quando era criança ainda, plantei chuva, colhi tempestade, e até me mandaram plantar batatas, e eu um bom servo, obedeci. Até mandioca já plantei.
Hoje, não planto mais...Fico plantado.
Pois é disso que eu quero fugir: desse vaso estático.
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